Ainda um pouco abalada pela forma grosseira com que uma colega de classe foi tratada diante de seus colegas e por que não dizer, humilhada ( pois esse seria o meu sentimento, se fosse comigo), comecei a pensar o que faz pessoas tão instruídas, tão cultas, tão imersas nos estudos científicos, mestres, doutores e não sei mais lá o quê, ignorar os efeitos psicológicos que suas atitudes, certamente impulsivas ( não querendo justificar nada ), possa irreversivelmente causar.
O problema, se é que posso chamar assim, afinal essas atitudes parecem ser comuns entre @s "cientistas" que me foram apresentad@s até agora,é que ele ( o problema ) se agrava pelo conteúdo em que esses mestres são mestres.
Se não tivesse envolvido no fato, algo que para mim tem relação com gentileza, tato no trato com as pessoas, altruísmo, cortesia e delicadeza e se para mim tais coisas não fossem mais importantes que títulos, classes, status, poder, ego enfim, talvez sim, o fato poderia ser um bom exemplo para nossos estudos.
O curso de ciências sociais tem sido maravilhoso para mim. O foco está nos ensinamentos, no aprendizado e em tudo que poderei "sugar", em termos de conhecimentos, dos meus professores. Diferentemente de alguns alunos que desistiram e de outros que estão nessa iminência, continuo muito satisfeita e empolgada com o curso.
Tento aplicar um dos fundamentos ( utilizando-me do conceito da palavra aprendido pelo senso-comum) das ciências sociais, que é sempre observar tudo por diversos angulos e perspectivas.
E se a sociedade, a raça, as classes, a estratificação, a evolução do homem ... precisam ser analisadas assim, por que o ser humano que é o cerne de tudo, muitas vezes é compreendido de forma monofocal? Por que as dificuldades, longe se serem "desculpas" para atitudes relapças , falta de interesse, desatenção, não podem ser levadas em consideração na hora de fazer julgamentos?
Tenho receio que a "cientificação" roube de mim o afeto, a amabilidade, a ternura, e o respeito pelo outro. O outro ser humano igual a mim. Independente ( e antes ) de ser aluno, mestre, rico, pobre, letrado ou analfabeto. Tenho medo de perder o respeito pelo diferente, seja diferente na cor, no sexo, no poder econômico, na fé, na identidade sexual, no prestígio, na etnia, na opinião, no partido político etc.
Qual será distância ideal a ser mantida entre professor@s e alun@os?
Lembrei de um filme, que mostra bem como é ( e será ) difícil manter a "humanização", a importância e a atenção nas pessoas, como ser humanos, antes de torná-los apenas objeto de estudo.
Patch Adams mostra sua luta árdua contra o distanciamento pregado entre médicos e pacientes. O mesmo parece acontecer entre mestr@s e alunos.
Porém , não podemos esquecer dos eucalíptos e jatobás. Estamos @endo ensinados para sermos educadores. E por falar em educador, lembro-me do CE e dos educadores que temos. Onde podemos dizer: "Eu discordo professora". E ouvir como resposta: "Tudo bem, é uma questão de ideologia".
Tudo bem, ciência não é ideologia. E o ser humano não pode ser resumido a objeto de estudo. Pelo menos não para mim, e meu conhecimento resultante da interação com pessoas. ( longe da ciência ).
Eu acho que podemos ganhar muito, não nos esquecendo do choro vertiginoso que presenciamos de uma colega e com isso, evitarmos causar este tipo de dor em noss@s futur@s alun@s, ou em quem quer que seja. Afinal, nossas vidas já são atribuladas o suficiente.
Pergunto-me, por exemplo, quantos alunos da noite, realmente estão nesse turno por preferência, ou por não dispor de outro horário, para conseguir uma formação universitária.
Sou ciente do esforço de tanto, como eu, para sair do trabalho e se dirigir para uma faculdade, abdicando da família, dos filh@s, do cônjuge, do lazer, ignorando as chateações e cobranças do chefe arbitrário e desumano, dos engarrafamentos, do onibus lotado, dos lanches rápidos, das noites em claro, para tentar manter a leitura em dia.... tudo para conseguir se formar e quem sabe, melhorar suas condições de vida.
Infelizmente, nem todos podem pode se dar ao luxo de estudar, entregando-se plenamente aos estudos.
E quanta diferença isso faz!
Mas nem por isso desistiremos.
Nem sei qual o meu intúito ao escrever essas palavras, pois sei da "sorte" que temos por estar onde estamos e ter os "detentores do conhecimento" que temos. Pode ser que a motivação tenha sido apenas aliviar o engasgo.
Mas também pode ser, que eu tenha um fio de esperança, deque essas coisas, esse distanciamento, não se torne "normal", "comum", "corriqueiro".
Se vc ta falando do acontecido constrangedor da sala de aula, acredito que: primeiro, a ciência não pode ser dissociada do que a gente entenda por ideologia, seja um sistema de idéias, seja uma mascara que "engana" os dominados ou seja uma tecnologia de poder que nos sujeitamos por "habitus". Segundo, sendo assim, que faz ciência não está livre de qualquer forma de ideologia, mas o problema ainda não é a ideologia mas a ética de cada um. Falo ética pois parece uma coisa anacrônica que não tem mais valor. As pessoas fazem as "coisas" e não mensuram o peso daquilo tem para elas no plano individual e coletivo. quer dizer, vou dar o mesmo exemplo que vc utilizou para começar seu texto: a professora, me parece que ela não tem nem uma preocupação ética (ela não pesou o que ela faz tem implicação para o coletivo), e ainda mais por grande ironia, falo isso pela cadeira que ela acha que ta dando - sociologia, uma disciplina que tem uma historia de engajamento para desnudar os dispositivos de dominação numa sociedade, e exerce um poder demasiado ideológico. Ou seja, se utiliza do status e do papel que está, para desconsiderar os alunos. Ela (a professora) teve dois "esquecimentos": primeiro que ela é professora e segundo socióloga. Em fim e por fim queria dizer que: seria bom a gente avaliar as palavras mestres, professores, educadores, doutores... pois essas palavras muitas vezes não diz muita coisa na realidade, mas quando diz sentimos como ela é potente. Falo isso, porque conheço mestres, e esse exemplo que estamos tendo, não chega a ser nem sombra do que seria mestres, educadores!
ResponderExcluirConcordo com Procópio quando ele diz que a ética esta se tornando algo anacrônico. É como se fosse apenas necessário usar ética com quem é ético comigo. Na minha opnião não é bem assim. Nesse caso mesmo da professora(não estou julgando, estou dando minha opnião!) ela deveria medir suas ações. Se ela quer exigir atenção dos alunos agindo como agiu, não vai dar muito certo pois o que ela conseguiu foi alguns alunos decepcionados e infelizes com a aula.No meu caso mesmo depois do acontecido achei a aula chata, no mínimo.
ResponderExcluirVerdade seja dita: a aula é ótima, os assuntos são ótimos e o entendimento(para quem lê os textos) é fácil. São as atitudes além educadora que decepcionam!
Pois é...
ResponderExcluirEspero que nós, que em breve estaremos ocupando os lugares de mestres e doutores, tenhamos mais respeito pelas PESSOAS.
E preciso salientar uma coisa aqui... temos um bom mestre. E falo "mestre" ampliando o sentido. Não apenas aquele de detém o conhecimento, mas que ensina, respeita as individualidades, é polido e faz uso da tão esquecida, Gentileza, que é nosso professor de Ciência Política.
Hevellyn, recebi msg notificando seu blog. Li. Parabéns. Espero que tenha vida longa e muitos comentários.Concordo c boa parte d suas análises. Acho q ciência sem ética e sem humanismo pode ser uma coisa perigosa. O grande problema é o de precisar que ética e que humanismo: existem vários. A certeza de que a razão humana pode mais é central na ciência. Ela move outra: de que o conhecimento é a grande chave p pessoas e sociedades melhores. Quanto a religXpolítica: é 1 mistura explosiva! O velho Comte deve estar mexendo no túmulo! Boa sorte. Atenc., Prof. LACERDA.
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